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TANAKH - BERESHIYT (Gênesis) Cap. 2 Partes: 1 2    Anterior   
Expressões ou palavras entre colchetes referem-se a traduções alternativas possíveis no idioma hebraico.
Parêntesis são utilizados para palavras que não aparecem no texto hebraico, mas que são corretamente subentendidas pela construção verbal ou ortografia hebraica.

Assim foram concluídos os céus e a terra, e todo seu exército [hoste, milícia].
A criação do homem completa a milícia (exército), agora com um ser feito à própria imagem do Criador. Nenhum outro ser será posteriormente criado por Ulhim, depois do ser humano. Os demais seres espirituais, a serem revelados em textos posteriores das escrituras, não possuem imagem nem semelhança de Ulhim, embora tenham sido criados antes do ser humano, e também componham a referida milícia (exército). Nota-se aqui a preparação para uma guerra a ser travada, evidenciada por "exército".


E terminou Ulhim no dia sétimo Sua obra a qual realizou; e Ele descansou no dia sétimo de toda a Sua obra a qual realizou.


E Ulhim abençoou o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a Sua obra, a qual criou Ulhim, concluindo-a [realizando-a].


Ocorrência #1 do Nome Pessoal do Criador
Esta é a história dos céus e da terra na criação, no dia em que fez, YAOHUH (IÁORRU) Ulhim, terra e céus.
Pela primeira vez o Criador é mencionado nominalmente nas escrituras. Antes deste verso, somente o título Ulhim foi utilizado. A partir de 2:4 o Criador passa a ser mencionado pelo Seu Nome, "YAOHUH (IÁORRU)", a correta transliteração literal portuguesa do Tetragrama. O Nome "YAOHUH (IÁORRU)" será doravante encontrado, podendo, ou não, ser acompanhado de títulos. "YAOHUH", se pronuncia "IÁORRU" em fonemas da língua portuguesa. O texto hebraico apresenta o Nome, excepcionalmente com sinais massoréticos, para esclarecer e enfatizar a pronúncia correta.




Ocorrência #2 do Nome Pessoal do Criador
E nenhum arbusto do campo havia ainda na terra, e nenhuma erva do campo havia ainda germinado, porque YAOHUH (IÁORRU) Ulhim não havia feito chover sobre a terra, e homem [ser humano] não havia para lavrar [cultivar] o solo.
A palavra "solo" é tradução da palavra "adamah" hebraica, de onde a palavra "adam" (homem, ser humano) se origina. De forma mais significativa, poderiamos traduzir "adam" por "formado do solo".
É muito importante notar aqui, que mesmo antes da queda, ainda no estado de inocência, era esperado um trabalho do ser humano quanto a cuidar da terra. Tal trabalho, de natureza prazerosa, isento de peso de maldição, visava principalmente evidenciar que nenhuma harmonia provém do acaso, mas sempre de uma ação determinada de construí-la e mantê-la. O verso 15, adiante, confirmará este conceito. Além disso, como princípio estabelecido, o trabalho prazeroso será também esperado do homem em seu estado de redenção, pelas mesmas razões aqui destacadas.
Aqui a construção em português necessitou ser ajustada para uma melhor composição do que seria literalmente "e todo arbusto do campo ainda não havia na terra", e também "e toda erva do campo ainda não havia germinado".

E uma fonte [manancial] brotou da terra e alagou [embebeu] toda a face do solo.



Ocorrência #3 do Nome Pessoal do Criador
E modelou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim o homem [ser humano], barro [pó] do solo, e soprou em suas narinas o fôlego de vida; e o homem [ser humano] se tornou um ser vivente.
Aqui vemos com mais clareza a relação entre "adamah" e "adam". "'Aphar min-ha-adamah", o "barro do solo" do qual o homem foi feito.
É ainda de interesse observar que na sequência do relato, o homem foi criado após um alagamento do solo, o que traz maior compreensão em considerarmos "barro do solo" com preferência sobre "pó do solo", como encontrado em outras traduções.


Ocorrência #4 do Nome Pessoal do Criador
E plantou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim um jardim em Éden, na direção do oriente, e colocou ali o homem [ser humano] que formou.
"Gan" significa "jardim". "'Eden" significa "prazer", "delícia". "Jardim em Prazer" seria uma tradução totalmente literal, não fosse a preposição que exprime a idéia de localização "Jardim em Éden", evidenciando ser "Éden" um nome próprio de lugar. A expressão "gan-'eden", sem a preposição, significa "paraíso", cujo conceito não está distante do que o texto aqui quer transmitir. Optamos aqui pela forma "jardim em Éden", porque estas duas palavras serão usadas separadamente adiante, mas podemos considerar também, conceitualmente, a forma mais literal.



Ocorrência #5 do Nome Pessoal do Criador
E fez brotar YAOHUH (IÁORRU) Ulhim, do solo, toda árvore de aspecto desejável e boa para comer; e a árvore das vidas, em meio ao jardim [em pleno jardim], e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Aqui se inicia a disponibilidade de escolha para o homem. Presentes ao jardim, a vida, representada pela árvore das vidas, e a morte, representada pela árvore do conhecimento do bem e do mal. Vida e morte ao alcance da escolha do homem. Esta escolha entre morte e vida se perpetuará por toda a escritura, apresentada de diferentes formas, mas sempre mantendo o fundamento básico da escolha.
A expressão "em meio ao jardim" ou "em pleno jardim" ocorre depois da referência à árvore da vida. Significa sua presença entre as muitas outras árvores também lá presentes. Não representa uma localização física desta árvore, senão a simples presença dela como parte do jardim. Mais adiante veremos uma referência física de "centro" com relação à árvore do conhecimento do bem e do mal, que aqui não foi expressa, senão no capítulo 3 verso 3.
O original hebraico apresenta "vidas" no plural como "árvore das vidas", e não no singular como "árvore da vida", certamente em harmonia com Ranodgalut (Apocalipse) 22:2 que diz: "...e as folhas da árvore são para a cura das nações". É uma árvore para todas as vidas que dela se alimentarão.

E um rio saía de Éden para banhar o jardim; e dali se dividia tornando-se em quatro nascentes [cabeceiras].

O nome do primeiro é Piyshon que percorre [rodeia] toda a terra de Khaviylah, onde há ouro;
Piyshon se pronuncia "Pii-chôn", e Khaviylah se pronuncia "Ra-vii-lá".

E o ouro desta terra é bom; há âmbar [bdélio] e pedra ônix.

E o nome do segundo rio é Guiykhon; aquele que percorre [rodeia] toda a terra de Kush.
Guiykhon se pronuncia "Gui-rron". Algumas traduções apresentam Kush como a atual Etiópia, de forma meramente interpretativa; contudo, o texto original apresenta Kush somente.
E o nome do terceiro rio é Khideqel; aquele que corre ao oriente de Ashur. E o quarto rio é Phrat.
Algumas traduções apresentam Assíria, impondo erroneamente tradução a nome próprio de lugar, embora "Ashur" seja o vocábulo usado no texto original. Do mesmo modo, Eufrates é corrupção do nome original "Phrat". Também o rio Khideqel (Ri-de-quel) é apresentado em algumas traduções pelo nome de "Tigre", o que é tentativa indevida de traduzir nomes próprios. O texto apresenta "Khideqel", como é o seu nome original hebraico.


Ocorrência #6 do Nome Pessoal do Criador
E YAOHUH (IÁORRU) Ulhim tomou o homem [ser humano], e o colocou no paraíso, para o cultivar e o guardar.
Aqui a expressão "gan-'eden" aparece sem a preposição do verso 8, trazendo definitivamente o conceito de "paraíso" ao local de habitação do ser humano. É, literalmente, o "Jardim-Prazer".


Ocorrência #7 do Nome Pessoal do Criador
E ordenou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim ao homem [ser humano], ao dizer: De toda árvore do jardim certamente comerás.
A forma de reforço verbal usada aqui para o verbo comer é a mesma utilizada no verso seguinte para o verbo morrer. O advérbio "certamente" dá mais sentido em português para o que seria em hebraico, literalmente, "comerás, comerás", enfatizando o verbo. Diversos advérbios podem ser subentendidos nesta formação verbal hebraica, desde que sejam sempre um reforço para a ação do verbo, como por exemplo: "verdadeiramente comerás", "de fato comerás", "com certeza comerás", etc., lembrando sempre que tais advérbios não estão escritos no texto, mas são subentendidos pela construção verbal hebraica.
E da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás dela, pois no dia em que comeres dela, certamente morrerás.
O homem é aqui colocado em plena liberdade, com direito de escolha, com exercício de opção. Novamente a forma de reforço verbal é utilizada com relação ao verbo morrer, o que literalmente seria "morrerás, morrerás", enfatizando o verbo.


Ocorrência #8 do Nome Pessoal do Criador

E disse YAOHUH (IÁORRU) Ulhim: Não é bom que o homem [ser humano] viva só; farei para ele ajuda [companheira] diante dele [frente a ele].
Ver nota do verso 20.



Ocorrência #9 do Nome Pessoal do Criador
E formou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim, do solo, todos os animais do campo, e todas as aves dos céus; e os trouxe ao homem [ser humano] para ver como os chamaria; e do modo pelo qual o homem [ser humano] chamou cada ser vivo, assim foi o nome.
Aqui Ulhim faz passar cada ser vivente diante da observação do ser humano, não somente para concluir a denominação de cada componente da criação, mas, em especial, para a constatação do homem de que nenhum ser vivente seria semelhante a ele, ou poderia formar par perfeito com ele.

E chamou [denominou] o homem [ser humano] a todas as feras [animais selvagens, quadrúpedes], e às aves dos céus, e para todo animal do campo; e para o homem [ser humano] não se achava ajuda [companheira] diante dele [frente a ele].
A palavra "neged" literalmente significa "diante de", "em frente"; contudo, é viável uma tradução menos literal, considerando que todos os animais foram identificados pelo homem, um por um, e nenhum deles se assemelhava ao homem para ser companheiro, como par perfeito. Assim, podemos traduzir de forma menos literal para "não se achava companheira semelhante a ele", ou ainda, "não se achava companheira que formasse par com ele".


Ocorrência #10 do Nome Pessoal do Criador
E fez descer YAOHUH (IÁORRU) Ulhim um sono [letargo] sobre o homem [ser humano], e este adormeceu; e Ele tomou uma de suas costelas, e fechou a carne ali.


Ocorrência #11 do Nome Pessoal do Criador
E formou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim, da costela que tinha tomado do homem, uma mulher, e a trouxe ao homem.
Até este ponto não havia definição escritural sobre quem teria sido criado em primeiro lugar, se o ser humano macho ou o ser humano fêmea, uma vez que as escrituras se referiam apenas ao homem genericamente, como ser humano (adam). Aqui fica esclarecido que o segundo ser humano, formado a partir da costela do primeiro, foi uma mulher, sendo portanto, o primeiro ser humano, um varão.
E disse o homem: Esta aqui, esta vez, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; e esta aqui se chamará mulher, porque do homem [varão], esta aqui foi tirada.
O homem apenas levou a palavra "'ish" (homem,varão) para o feminino "'ishah" (varoa, mulher), uma vez que ela havia sido criada a partir dele. Do mesmo modo pelo qual "adam" era uma denominação genérica para o ser humano, agora "'ish" e "'ishah" são denominações genéricas separadamente para os varões e varoas, não sendo ainda um nome próprio individual. "'Ish" e "'ishah" são traduzidos diretamente como "homem" e "mulher", não sendo, portanto, nomes próprios. Neste verso a palavra "adam" foi usada com referência ao ser humano varão, como se percebe pelo próprio sentido do texto. A expressão da frase do ser humano varão nos transmite claramente o sentido menos literal de "agora sim eu tenho um par", depois de ter observado cada ser vivente, um por um.
Por isso deixa um homem seu pai e sua mãe; ele se une à sua mulher e tornam-se uma (só) carne.
O homem tem em sua mulher a sua própria carne. A mulher feita a partir do homem é, de fato, continuação de sua carne. O texto hebraico utiliza apenas a palavra "ekhad" que em si já expressa a quantidade "um"; a palavra "só" vem entre parêntesis em português para enfatizar o sentido de "única", embora "ekhad" seja suficiente para expressar tal sentido em hebraico, neste caso.
E estavam os dois nus, o homem e sua mulher, e não se envergonhavam.
Aqui a palavra "adam" foi usada para se referir ao ser humano varão, e não foi utilizada a palavra "'ish" (homem), embora a palavra usada para o ser humano fêmea tenha sido a mesma utilizada pelo homem, a saber: "'ishah" (mulher).
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