O que realmente significa comunhão?
A definição da palavra comunhão é bastante intuitiva, uma vez que se deriva da palavra "comum". Ter comunhão é, simplesmente, ter coisas em comum com alguém, seja em ideais, crenças, desejos, planos, gostos, torcida, trabalho, profissão, e a lista é bastante grande onde as pessoas podem ter coisas em comum, terem comunhão.
Todos os grupos e facções, formados entre os homens, de alguma forma desfrutam de alguma comunhão. Os seguidores de determinada religião tem comunhão com outras pessoas que também seguem a mesma religião. Os profissionais de medicina desfrutam de uma comunhão no âmbito de sua profissão, dentro do conceito de "ter coisas em comum". Podemos dizer que as pessoas que torcem por um time de futebol também desfrutam de comunhão, especialmente quando estão num estádio, unânimes, torcendo pela vitória do seu time. Elas tem algo em comum.
Se deixarmos de lado os aspectos naturais de qualquer comunhão, e passarmos a considerar somente os aspectos espirituais da comunhão, que é o que realmente interessa, podemos entender que, em termos de comunhão espiritual, "ter coisas em comum" refere-se a coisas como "em que se crê", "o que se pratica", "onde se vai", "que lugar se frequenta", "que princípios se segue", etc.
Dentro do conceito de "ter coisas em comum", podemos de imediato perceber a primeira importante realidade quanto à comunhão: comunhão nada tem a ver com estar junto ou proximidade. Estar reunidos
num mesmo lugar, em nenhuma hipótese significa ter coisas em comum. Esta reunião de pessoas que não tem comunhão alguma é a base do que se chama "ecumenismo". É a reunião sem comunhão. Proximidade física sem que se desfrute de qualquer coisa em comum. Pessoas que compartilham o espaço físico de um lar, numerosas vezes não desfrutam de coisas em comum em termos espirituais. Apesar de estarem "juntas" fisicamente, espiritualmente se encontram distantes e sem coisas em comum, sem comunhão.
A segunda importante realidade que devemos perceber quanto à comunhão é que as pessoas buscam intensamente ter comunhão umas com as outras, dentro de suas crenças. Os seguidores de cada religião conversam entre si com vistas a estabelecer cada vez mais pontos comuns de concordância, a despeito destes pontos poderem estar totalmente equivocados. Neste caso eles vão adquirindo cada vez mais comunhão: comunhão no equívoco. Me parece claro que, comunhão, em si mesma, pode ser muito boa ou pode ser muito má, dependendo apenas de "quais coisas" as pessoas tem em comum.
Como, pois, podemos saber se a comunhão que temos é boa ou é má? As Sagradas Escrituras nos dão claramente o padrão de comunhão pelo qual devemos nos guiar e entender com clareza.
Em primeiro lugar, jamais devemos buscar ter comunhão uns com os outros. Parece estranha esta afirmativa? Deixe-me explicar: As Sagradas Escrituras nos afirmam que "A nossa comunhão é com o Pai". Elas não dizem "uma de nossas comunhões", nem dizem "a mais importante de todas as comunhões". Ela é direta, clara e objetiva: "a nossa comunhão" - singular, única, exclusiva. Confira em 1 Yaohukhánan (corrompido como 'João') 1:3
As escrituras falam de uma única e exclusiva comunhão em nossa vida e especifica que esta única comunhão é com o Pai, e com Seu Filho. Podemos aqui limitar o contexto do versículo ao Pai, uma vez que
é óbvia a total comunhão entre o Pai e o Filho.
Ora, é errado que tenhamos comunhão uns com os outros? Certamente que não. É muito bom desfrutar de comunhão espiritual com outras pessoas e devemos realmente desejar isso de coração. Contudo, todo nosso esforço, dedicação, diligência, ânimo e zelo devem estar voltados para buscarmos ter mais e mais "coisas em comum" com o Pai, e não com os homens. Quanto mais "coisas em comum" eu tiver com o Pai, YAOHUH UL (IÁORRU UL), e quanto mais coisas você tiver em comum também com o Pai, CONSEQUENTEMENTE mais coisas nós dois teremos em comum, e consequentemente, maior comunhão. É aumentando a nossa comunhão com o Pai, YAOHUH UL (IÁORRU UL), que aumentaremos a comunhão entre nós, porque a nossa comunhão é com o Pai, não com os homens. Nossa comunhão com as pessoas aumenta somente em decorrência do aumento da comunhão de cada um com o Pai, YAOHUH UL (IÁORRU UL). Portanto, podemos entender nossa comunhão com as pessoas como "efeito" e nunca como "causa".
Porque é tão importante que a nossa única e exclusiva comunhão seja com o Pai?
Existem diversos problemas decorrentes de uma busca de comunhão interpessoal independente da comunhão com o Pai. Um destes sérios problemas é o "efeito camaleão": a pessoa que toma a cor do lugar onde se encontra para sempre ficar "de bem" com tudo e com todos. Este tipo de pessoa tende a ser sempre um "seguidor das massas". Onde todos forem, é por ali que ele vai; afinal, ter comunhão com as pessoas ali é para ele muito importante, mais do que ter comunhão com o Pai. Este tipo de pessoa dificilmente poderá ser usado como um agente de mudanças e correção de rumo em qualquer lugar que frequente. Seu alvo não é ter coisas em comum com o Pai, que é o Padrão a ser seguido, mas sim, ter comunhão com as pessoas. Ele prefere estar no êrro e com falta de comunhão com o Pai, contanto que esteja bem com todos e seja bem considerado por todos. Geralmente ele evita confrontos e faz qualquer concessão com a verdade, se este for o preço de estar "em comunhão" com todos. Ele não é uma estaca firme e ponto de referência para os demais pela grande comunhão que desfrute com o Pai; pelo contrário, gosta de crer no que a maioria crê e fazer o que a maioria faz, independentemente de ser verdadeiro ou não, justo ou injusto.
A maioria torna-se também, para este tipo de pessoa, uma referência constantemente citada em suas conversas ou quando porventura é questionado. Tomar uma posição que seja favorável à verdade e justiça, que porém vá contra a maioria, é muito difícil, senão impossível, para este tipo de pessoa. Há uma pergunta que tenho recebido muito frequentemente nestes últimos tempos que é um exemplo claro deste tipo de pessoa. A pergunta é a seguinte: "Você quer me dizer então que milhões de pessoas estão erradas no mundo"? Eu sempre respondo: "Desde quando números podem mudar a mentira em verdade, ou a injustiça em justiça"? Se dentro de minha comunhão com o Pai eu tiver de ser o único ser humano sobre a terra a crer em algo ou afirmar algo, certamente serei, pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? São muitas as passagens bíblicas onde se vê uma pessoa solitária afirmando coisas totalmente diferentes das crenças e práticas de toda a nação, inclusive com o risco de morrer, indo porém adiante sem esmorecer, valorizando sobremaneira sua comunhão com o Pai, em detrimento de sua comunhão com os homens.
Se considerarmos os fatos e ensinamentos bíblicos, existe uma clara relação de POUCOS para MUITOS, dos que são salvos para os que se perdem. De toda uma geração que saiu do Egito, somente DOIS entraram na terra prometida. De toda uma geração antediluviana, somente uma única família foi salva. De Sedom (corrompido como "Sodoma') e Amorah (corrompido como 'Gomorra') somente uma família escapou, e mesmo assim com a perda da mulher que olhou para trás. YAOHUSHUA (IAORRÚSHUA) nos instruiu e exortou a entrar pela porta estreita onde POUCOS entram e são salvos, e não pela porta larga onde MUITOS entram e se perdem. Este é o segundo grande perigo de se buscar comunhão direta com as pessoas e não uma comunhão que seja "efeito" de uma comunhão com o Pai, YAOHUH UL (IÁORRU UL).
Dentro do contexto em que Yaohukhánan (corrompido como 'João') começa sua epístola, notamos claramente que ele está desejoso, muito desejoso, de ter comunhão com aqueles a quem suas palavras estavam sendo dirigidas naquela época, e até nós nos dias de hoje quando lemos. E ele deixa bem claro a qual comunhão ele está convidando. "Ora, a nossa comunhão é com o Pai...". Nos versos seguintes, em especial os versos 6 e 7, visualizamos com extrema clareza a questão da comunhão com o "ter coisas em comum". Yaohukhánan diz: "Se dissermos que mantemos comunhão com Ele (o Pai) e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade". No verso 7 ele diz: "Se porém andarmos na luz, como Ele (o Pai) está na luz, mantemos comunhão uns com os outros...". Ora, no verso 6, Yaohukhánan mostra com clareza que YAOHUH UL (IÁORRU UL) não tem trevas; logo aquele que andar em trevas não tem "coisas em comum" com Ele, não tem comunhão. E o mais maravilhoso ele diz a seguir, afirmando que se andarmos na luz, do mesmo jeito que YAOHUH UL (IÁORRU UL) está na luz (isto é comunhão com o Pai), então, e tão somente, mantemos comunhão uns com os outros. Se observarmos estas palavras com atenção e extrairmos tudo que elas realmente nos dizem, podemos concluir com paz que:
Só há comunhão direta, dentro do conceito bíblico, com o Pai.
Só há comunhão indireta, dentro do conceito bíblico, entre pessoas que estejam desfrutando de comunhão com o Pai.
Não há comunhão alguma, no sentido escritural, entre pessoas que não desfrutam de comunhão com o Pai.
Não há comunhão alguma entre duas pessoas, se uma desfrutar de comunhão com o Pai, e a outra não.
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